quarta-feira, 9 de novembro de 2011

GAROTA DE FRANCO (resposta tardia a Vinícius e Tom)

                          toda vez
que ela aqui passa
meu mundinho
se disfarça
num caminho de Ipanema

um poema
então, se instala
e a natureza se embala
no andançar da pequena

ao passar no boulevard
ou mais cedo
na Azevedo
transmutada em passarela

as vitrines
fazem alarde
no finalzinho da tarde
querendo espelhar-se nela

um adorno nos cabelos
um vestir-se em desmazelo
um olhar puro e candente

um sorriso
que enlouquece
que
se Vinícius soubesse
teria inveja da gente

em sua pressa
descabida
pras correrias da vida
me põe a filosofar

é que
nessa “adrenalina”
a cidade e a menina
não podem se namorar

toda vez
que ela aqui passa
deixando ruas e praças
parecendo ser mais lindas

meu mundinho
se disfarça
num lugar
cheio de graças
e de esperanças infindas

mas, enfim
quando ela some
um dilúvio
me consome
meus devaneios estanco

eu, então
todo molhado
quando vejo
estou ilhado
num ponto alto de Franco

alguma coisa
amortece no meu coração
bastando
anunciar-se em dezembro
as chuvas de verão

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