quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mais veloz que o pensamento

quando percebeu, não teve tempo de rezar, de chamar pelo seu anjo da guarda, de despedir-se da esposa, nem do olhar curioso e encantador da filhinha. quando percebeu o cano do revolver, não teve tempo de pedir aumento de salário, de lutar por seus direitos e por sua dignidade, nem de dizer o que pensava dos patrões, da classe política, muito menos da sogra. quando percebeu o cano do revolver ali, não teve tempo de terminar de ler aquele livro, de ir ao futebol e, depois, tomar aquela cerveja com os amigos, nem mesmo de saber a previsão do tempo para o dia seguinte. quando percebeu o cano do revolver ali, encostado em sua nuca, não teve tempo de não reagir, de admitir alguma culpa e nem sequer de não pensar em nada. quando percebeu o cano do revolver ali, encostado em sua nuca, o gatilho já havia sido disparado.

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